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VIROLOGIA |
EM INGLÊS |
PARASITOLOGIA
CAPÍTULO SETE PARTE DOIS
CARRAPATOS
Dr Richard Hunt
Professor Emérito
Escola de Medicina da Universidade da Carolina do Sul
Tradução:
PhD. Myres Hopkins
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ALBANIAN |
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DR MYRES HOPKINS |
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Todos
os ciclos de vida nesta seção são cortesia da
Biblioteca de
Imagens de Parasitas do DPDx
Centros para Controle de Doenças (CDC)
PARTE UM
ARTRÓPODOS
PARTE DOIS
CARRAPATOS |
Os carrapatos são encontrados
no mundo inteiro. Eles são sugadores de sangue, parasitas oportunistas que podem
atacar a pele de uma variedade de hospedeiros vertebrados. Eles não têm
segmentação e são chatos dorso-ventralmente com quatro pares de pernas (figura
1).
Embora todos os estágios do
ciclo de vida de um carrapato possam sugar sangue, é normalmente o carrapato
adulto que traz problemas para os seres humanos. Doenças humanas associadas ao
carrapato são mais comuns nos meses de verão, quando a chance de contato aumenta
durante as atividades ao ar livre, normalmente em áreas arborizadas. Ser picado
por um carrapato é quase sempre indolor, e a presença do carrapato pode não ser
detectada durante algum tempo. Frequentemente o carrapato traz problema para o
hospedeiro humano não maior do que uma pápula eritomatosa e ele cai após sugar o
sangue. Às vezes, o local onde ele se prendeu pode coçar e se tornar dolorido.
Podem ocorrer infecções secundárias do local da picada, frequentemente como
resultado da presença de remanescentes do aparelho bucal aderido, após o
carrapato ser removido. Os carrapatos podem aderir em qualquer lugar do corpo,
mas são frequentemente encontrados em regiões da nuca, ao redor das orelhas,
virilha, axilas, etc.
Apesar de as picadas da maioria
dos carrapatos não apresentarem consequências, elas podem trazer uma quantidade
de agentes causadores de doença homana, incluindo vírus, bactérias e
protozoários. Existem duas famílias de carrapatos: os carrapatos duros (Ixodídeos)
e os carrapatos moles (Argasídeos) (figura 1). Os Ixodídeos aderem a seus
hospedeiros por um período de tempo prolongado (vários dias), enquanto que os
Argasídeos rapidamente se alimentam e caem. Consequentemente, estes são
frequentemente não detectados.
Embora a maioria dos problemas
associados a carrapatos surgem a partir de organismos que causam doenças que são
levados pelos carrapatos, em um caso - a paralisia do carrapato - o problema vem
diretamente de toxinas na saliva do carrapato.
Os carrapatos importantes por
trazerem doenças nos Estados Unidos são:
CARRAPATOS DUROS
Carrapato do cão (Dermacentor
variabilis) (figura 2 e 3A,B) que é encontrado no leste das Montanhas Rochosas e
em algumas áreas dos Estados da costa do Pacífico.
Carrapato de Madeira da
Montanha Rochosa (Dermacentor andersoni) (figura 3 C,D). Como o nome sugere,
é encontrado nas Montanhas Rochosas e também no Sudeste do Canadá.
Carrapato do Veado (Carrapato
da Perna Prêta) (Ixodes scapularis) (figura 3 G,H, K). Este ocorre no
nordeste e na região centro norte dos Estados Unidos.
Carrapato da perna preta do
ocidente (Ixodes pacificus) (figura 3 I,J) que é encontrado nos estados da
costa do Pacífico dos Estados Unidos.
Carrapato marrom do cão (Rhipicephalus
sanuguineus). Também conhecido como carrapato vermelho do cão (figura 3 M).
Este é encontrado no mundo inteiro (Todo os Estados Unidos e sudeste do
Canada) e pode completar seu ciclo de vida inteiro em ambientes interiores.
Ele infesta principalmente cães, mas podem se alimentar de outros mamíferos,
inclusive o homem.
Carrapato estrela solitária (Amblyomma americanum) (figura 3 E,F),
encontrado no sudeste e centro sul dos Estados Unidos.
CARRAPATOS MOLES
Várias espécies de
Ornithodoros são encontradas no oeste dos Estados Unidos. A família
Argasidae é dividida em quatro gêneros: Argas, Ornithodoros, Antricola, e
Otobius (figura 3 L).
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Figura 1
Diferenças morfológicas entre carrapatos moles, Argasidae, e carrapatos
duros, Ixodídeos. CDC
Figura
2 Ciclo Geral de Vida do Dermacentor variabilis e Dermacentor andersoni
Ticks (Família Ixodídeae) CDC
Figura 3 (abaixo)
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A. Carrapato do cão americano (Dermacentor variabilis) CDC
B. Distribuição aproximada do carrapato do cachorro americano CDC |
C. Carrapato da madeira da
Montanha Rochosa (Dermacentor andersoni) CDC
D. Carrapato estrela solitária (Amblyomma americanum) CDC
E. Carrapato da perna prêta (Ixodes scapularis) CDC
F. Carrapato ocidental da perna prêta (Ixodes pacificus) CDC
G. Distribuição aproximada do carrapato da madeira da Montanha Rochosa CDC
H. Área aproximada de distribuição do carrapato estrela solitária CDC
I. Área aproximada de distribuição do carrapato de perna prêta CDC
J. Área aproximada de distribuição do carrapato ocidental de perna prêta CDC
K. Um membro da família Argasidae dos "carrapatos moles" norteamericanos CDC
L. Carrapato marrom do cão Rhipicephalus sanuguineus © Dr Peter Darben
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Figure 4
Reported cases of Rocky Mountain spotted fever in the United
States,
1942-1996
Figura 5
Distribuição sazonal de casos relatados da
febre maculosa da Montanha Rochosa, 1993-1996 CDC
Figura 6
Infecção de células endotelias por Rickettsia e Orientia
Figura 7
Coloração de Gimenez de células de hemolinfa
carrapatos infectadas por R. rickettsii CDC
Figura 8
Eritema macular característico de estágio avançado da febre
maculosa da montanha rochosa nas pernas de um paciente. 1946 CDC
Figura 9
Febre Maculosa da Montanha Rochose: Eritema (macular) inicial
da sola do pé CDC
Figura
10
Febre Maculosa da Montanha Rochosa.
Eritema tardio (petequias) na palma da mão e no antebraço CDC
Figura 11
Esta lesão causada pela febre maculosa de
Montanha Rochosa está localizada no céu da bôca (palato duro) desta
criança. CDC |
DOENÇAS CARREADAS
PELOS CARRAPATOS DUROS
DOENÇAS
BACTERIANAS
Febre
Maculosa da Montanha Rochosa
Há
centenhas de casos relatados a cada ano de Febre Maculosa da Montanha Rochosa
nos Estados Unidos (variando desde a metade do século passado, desde a pequena
quantidade de 200 a até mais de 1.200 no início dos anos 1980). Os números estão
aumentando novamente (figura 4). A população de risco é em sua maioria de
crianças abaixo de 15 anos de idade. Normalmente os casos ocorrem no verão,
devido ao número mais elevado de carrapatos, e ao contato de humanos mais
frequente com estes (figura 5).
Epidemiologia
O agente causador, a Ricketsia rickettsii, é transmitida pelo carrapato marrom do cão e o
carrapato da madeira da Montanha Rochosa (os dois são espécies Dermacentor dos Estados Unidos). Contrariamente ao que o nome
sugere,apenas uma pequena proporção de casos é na verdade relatada como
proveniente dos estados da Montanha Rochosa. A quantidade de casos mais
elevada nos Estados Unidos ocorre no sudeste e nas regiões centro sul, sendo
a maior incidência em Oklahoma e Carolina do Norte.
Em outro lugar na
América Central e do Sul, Rhipicephalus sanguineus e Amblyomma
cajennense são carreadores de Ricketsia rickettsii. A doença é
conhecida como fiebre manchada no México; febre de São Paulo ou febre
maculosa no Brasil; carrapato do tifo ou Tobia fever na Colombia.
Sintomas
R. rickettsii
é uma bactéria pequena que cresce no interior de células, especialmente
células endoteliais que formam as paredes de pequenos vasos sanguíneos
(figura 6 e 7). A doença é caracterizada por náusea, perda de apetite,
febre,
mialgia e cefaléia. Sucede-se o
seguinte: três a 5 dias após a picada pelo carrapato, o eritema
característico (figura 8, 9, 10, 11), que resulta do vazamento dos vasos
sanguíneos como resultado das células endoteliais infectadas, que morrem.
Inicialmente, o eritema é formado de máculas pequenas, achatadas, róseas,
que não coçam (pontos) nos pulsos, antebraços e tornozelos (figura 9 e 10).
Subsequentemente, as máculas se tornam elevadas na pele e ocorre dor (no
abdomem e articulares) e diarréia. O eritema vermelho característico, que
ocorre em até 60 % dos pacientes, é encontrado nas extremidades (palma das
mãos e planta dos pés). Uma minoria dos pacientes jamais progride para este
estágio. Testes laboratoriais mostram
trombocitopenia,
hiponatremia e/ou níveis elevados de
enzimas hepáticas. Casos severos requerem hospitalização e podem levar à
paralisia das extremidades, e podem mesmo evoluir para risco de vida.
Sequelas muito severas incluem gangrena, que pode resultar em amputação,
surdez e incontinência.
Tratamento
O tratamento é feito com
uso de antibióticos (doxiciclina). Uma vez não tratada, a Febre Maculosa da
Montanha Rochosa pode ser fatal, o tratamento deve ser iniciado tão logo
haja a suspeita da doença e antes da confirmação de qualquer diagnóstico
laboratorial.
Detecção laboratorial
Ensaios sorológicos,
incluindo microscopia por imunofluorescência.
Prevenção
Vestimentas que cubram o corpo e sprays anti-carrapatos (contendo
frequentemente DEET = dietiloluamida) são usados mais frequentemente. É
melhor se manter distante de áreas densamente infestadas por carrapatos. Se
um carrapato for encontrado no corpo, ele deve ser removido imediatamente
usando os dedos ou pinças.
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Figura 12.
Polegar com úlcera de pele da tularemia. CDC/Emory U./Dr.
Sellers
Figura 13
Lesão de pele pela tularemia na face dorsal da mão direita
CDC/Dr. Brachman
Figura 14
Bactérias Francisella tularensis coradas com azul de metileno
CDC/Dr. P. B. Smith
Figura 15
Reported cases of tularemia in the United States 1990-2000
CDC
Figura 16. Incidência média anual de tularemia por
sexo e grupo etário - Estados Unidos, 1990-2000 CDC
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Tularemia
Esta também é transmitida pelas
duas espécies de Dermacentor. Tularemia é causada pela bactéria Francisella
tularensis, que é transmitida pelos roedores, coelhos e lebres; como resultado
disso a tularemia é conhecida como febre do coelho. Uma das várias maneiras
pelas quais humanos podem ser infectados é ao ser picado por um carrapato que
adquiriu a bactéria após picar um desses animais; entretanto, ela pode ser
também inalada durante a manipulação de roedores infectados. Não há relatos de
transmissão pessoa a pessoa. A Francisella tularensis é muito infecciosa. A
tularemia ocorre em toda a extensão continental dos Estados Unidos, mas é
relativamente rara, com cerca de 200 casos sendo relatados por ano (figura 15,
16).
Sintomas Os sintomas da tularemia, que pode ser fatal se não tratada, varia de acordo
com a rota pela qual a infecção foi adquirida; frequentemente os pacientes
experimentam edemas das glândulas linfáticas, úlceras de pele, (figura 12,
13), inflamação dos olhos e da garganta, diarréia. Esta pode ser seguida por
pneumonia atípica, pleurite, linfoadenopatia hilar. Tularemia por inalação
resulta em febre rápida, calafrios, cefaléia, mialgia, dor articular, tosse
seca e fraqueza progressiva. A pneumonia pode resultar do estresse e
insuficiência respiratória, com sangue no catarro.
O diagnóstico é
inicialmente feito a partir dos sintomas, mas testes laboratoriais
confirmatórios usando coloração pelo Gram ou outra (figura 14) ou
microscopia por imunofluorescência são usados para visualizar a bactéria
infectante.
Tratamento O tratamento com antibióticos usando estreptomicina, gentamicina,
tetraciclinas (ex., dociciclina) ou fluoroquinolonas, (ex., ciprofloxacino)
é a principal forma de terapia. A estreptomicina ou gentamicina podem ser
usadas via intravenosa. Há uma vacina que é feita a partir de uma F.
tularensis biovar paleártica (tipo B) avirulenta. Além disso, antibióticos
podem ser usados como profilaxia pós-exposição antes do aparecimento dos
sintomas, se há suspeita de infecção por F. tularensis.
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Figura 17
Coxiella burnetii , organismo responsável pela febre Q
Figura 18
Infecção de Macrófagos por Coxiella |
Febre Q
Vários animais de fazenda (gado,
carneiros, cabras, etc.) são os carreadores primários da bactéria Coxiella
burnetii (figura 17) que causa a febre Q. A disseminação para humanos ocorre
normalmente via inalação de poeira contendo partículas de urina sêca, fezes,
etc. de animais infectados. Entretanto, menos comumente, a bactéria pode ser
transmitida pela picada do carrapato Dermacentor. A ingestão de leite
contaminado pode também levar à infecção. A C. burnetii infecta macrófagos e
sobrevive no fagolisossomo, onde a bactéria se multiplica (figura 18). As
bactérias são liberadas por lise das células e fagolisossomos.
Sintomas
Febre Q aguda Muitos pacientes, cerca da metade deles, não apresentam sinais da
infecção. Mas em outros, após um período de incubação de 1 - 2 semanas,
há o aparecimento súbito de febre, cefaléia, mal-estar geral, mialgia,
dor de garganta, calafrios, sudorese, tosse não produtiva, náusea,
vômitos, diarréia, dor abdominal e dor no peito. O paciente pode também
parecer confuso. Muitos pacientes apresentam os sintomas de pneumonia e
hepatite, mas a maioria se recupera em um mês ou dois sem tratamento,
embora a febre Q aguda tenha uma taxa de mortalidade de 1 - 2 %.
Febre Q crônica Se o paciente é deficiente na recuperação da infecção, a febre Q crônica
aparece. Esta pode ocorrer alguns meses após a infecção primária, mas
pode também ocorrer muitos anos após. Endocardite das válvulas cardíacas
aórticas é o principal problema que se impõe. Esta ocorre normalmente em
pessoas portadoras de doenças de válvulas cardíacas, mas também estão
sob risco pacientes transplantados, com câncer e com doenças renais. A
forma crônica da febre Q tem uma taxa de fatalidade de 60 - 70%.
Diagnóstico É usada a sorologia para determinar a presença de anticorpos contra Coxiella
burnetii.
Tratamento Antibióticos tais como doxiciclina são usados para tratar a febre Q aguda.
Para a febre Q crônica, dois protocolos têm sido investigados: doxiclina
juntamente com quinolonas durante pelo menos 4 anos e doxiciclina com
hidroxicloroquina durante 1,5 a 3 anos.
Há uma vacina usada na Austrália
por pessoas que possam entrar em contato com C. burnettii, mas não está
disponível comercialmente nos Estados Unidos
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Figura
19
Infecção de leucócitos por Ehrlichia
Figura 20
Casos Relatados de Erliquiose nos Estados Unidos CDC
Figura
21
Áreas onde a erliquiose humana pode ocorrer baseado na
distribuição aproximada das espécies de vetores carrapados hospedeiros
CDC
Figura 22
Distribuição sasonal aproximada de HGE nos Estados Unidos CDC |
Erliquiose
Erliquiose Humana
A erliquiose
humana é transmitida pelo Dermacentor variabilis e pelo Amblyomma
americanum e é causada por uma quantidade de bactérias da família Ehrlichia,
sendo nos Estados Unidos, principalmente pela Ehrlichia chaffeensis.
Essas bactérias são organismos pequenos Gram-negativos que infectam leucócitos
(figura 19).Assim como acontece com muitas doenças transmitidas por carrapatos,
a incidência segue a distribuição do vetor (figura 21) com incidência mais
elevada durante os meses de verão (figura 22), quando as populações de
carrapatos e o contato com eles é maior. O número de casos tem aumentado (figura
20).
Sintomas Após um período de incubação de uma semana a 10 dias, o paciente se
apresenta com mialgia, cefaléia e mal-estar geral. Pode ocorrer também
náusea, vômitos, diarréia, tosse, dor articular, e o paciente pode parecer
confuso. Às vezes ocorre um eritema, mas normalmente isto ocorre apenas em
casos pediátricos. Se não houver tratamento, manisfetações mais severas da
infecção podem ocorrer, incluindo febre prolongada, insuficiência renal,
coagulopatia
intravascular disseminada,
meningoencefalite,
síndrome do estresse respiratório do adulto, convulsões ou coma. A taxa de
mortalidade neste estágio é de 2 - 3%. Pacientes imunodeprimidos estão sob
maior risco.
Diagnóstico
Pode ser
usada a microscopia utilizando esfregaços de sangue ou sorologia para
detactar anticorpos anti-Ehrlichia.
Tratamento
Antibióticos tais como doxiciclina são o tratamento
recomendado.
Erliquiose Granulocítica Humana
A
erliquiose granulocítica humana é causada por uma espécie de Ehrlichia
semelhante a espécies encontradas em animais (Ehrlichia equi e Ehrlichia phagocytophila) e é transmitida pelos carrapatos de pernas prêtas
(Ixodes scapularis) e pelos carrapatos ocidentais de pernas prêtas (Ixodes
pacificus).
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Figura 23
Risco da doença de Lyma por região dos Estados Unidos CDC
Figure 24. Lyme disease rash
CDC
Figura 25
Morfologia da Borrelia burgdorferi. Imagem de campo escuro ©
Jeffrey Nelson, Rush University, Chicago, Illinois and The
MicrobeLibrary
Figura 26
Ciclo de vida do carrapato da doença de Lyme CDC |
Doença de Lyme
Este eritema
é semelhante ao visto na doença de Lyme. O organismo causador não é conhecido,
mas não é Borrelia burgdorferi, o agente da doença de Lyme. O carrapato
estrela solitária, Amblyomma americanum, é o vetor de transmissão.
Sintomas
Mal-estar, febre, mialgia, artralgia e eritema tipo
"olho-de-boi" no local da picada do carrapato. Não há sintomas crônicos
neurológicos como visto no caso da doença de Lyme.
Tratamento
Os antibióticos comuns de uso oral são empregados e os
sintomas resolvem rapidamente.
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Figura
27
Infecção por Babesia. Esfregaços delgados corados por Giemsa.
Note a tétrade (lado esquerdo da imagem), uma forma patognomônica em
divisão da Babesia. Uma menina de 6 anos, statua de pós esplenectomia
para esferocitose hereditária, infecção adquirida nos EUA. CDC
Figura
28
Distensão de sangue em filme delgado com formas em anel de B.
microti apresentando a forma típica de Cruz de Malta (quatro anéis em
formação cruzada). © MicrobeLibrary and Lynne Garcia, LSG & Associates
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DOENÇAS POR PROTOZOÁRIOS
Babesiose
A babesiose
é transmitida por espécies de Ixodídeos que incluem o carrapato do veado
(Ixodes scapularis) no norte e centro-oeste dos Estados Unidos e em
outros países, incluindo a Europa. Babesia microti é o organismo causador
normal e é um hemoprotozoário (isto é, circula na corrente sanguínea).
Normalmente, os dois hospedeiros de Babesia microti são carrapatos e
ratos peromiscus (Peromyscus leucopus). O carrapato infecta o rato com
esporozoítos,
que se reproduzem assexualmente em eritrócitos. Estes escapam para a corrente
sanguínea onde formam gametas masculinos e femininos, que são engolfados pelo
carrapato durante o repasto sanguíneo. No carrapato, os gametas se fusionam e
entram no ciclo esporogônico para formar mais esporozoítos. Seres humanos podem
também adquirir esporozoítos quando picados por um carrapato infectado, e são
normalmente hospedeiros terminais, mas a babesiose tem sido transmitida a outros
humanos via transfusões de sangue (figura 29).
Na
maioria dos casos, a infecção é assintomática, mas após uma semana a um mês os
sintomas podem aparecer. Eles incluem febre, calafrios, sudorese, mialgias e
fadiga. Em casos severos ocorrem
hepatoesplenomegalia
e anemia hemolítica. Normalmente o paciente recupera, embora ocorram casos
severos em pacientes imuno-comprometidos e idosos.
A doença causada por
outro prozoário, o Babesia divergens, pode resultar em casos mais severos
e às vezes fatais de babesiose.
Diagnóstico
O diagnóstico é por sorologia, microscopia de
imunofluorescência e por observação direta do parasita em esfregaços
sanguíneos no qual inclusões em eritrócitos tipo "Cruz-de-malta" sejam
vistas (figura 27, 28). Estas consistem de quatro merozoítos em brotamento
ligados.
Tratamento
Os antibióticos normalmente usados são clindamicina mais
quinino ou atovaquone mais azitromicina.
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Figura 29 O ciclo de vida da
Babesia microti envolve dois hospedeiros, que incluem
um roedor, principalmente o rato de patas brancas Peromyscus leucopus.
Durante o repasto sanguíneo, um carrapato infectado por Babesia introduz
esporozoítos no rato hospedeiro
. Os
esporozoítos entram nos eritrócitos e realizam reprodução assexual (brotamento)
.
No sangue, alguns parasitas se diferenciam em gametas masculinos e femininos,
embora estes não possam ser distinguíveis a nível de microscopia ótica
.
O hospedeiro definitivo é um carrapato, neste caso o carrapato do veado Ixodes dammini (I. scapularis).Uma vez ingerido por um carrapato
apropriado
,
os gametas se unem e realizam um ciclo esporogônico resultando em esporozoítos
.
A transmissão trans-ovariana (também conhecida como transmissão vertical ou
hereditária) tem sido documentada para espécies "grandes" de Babesia
spp., mas não para as babesias "pequenas", tais como a B. microti
.
Humanos entram no ciclo quando picados por carrapatos infectados. Durante o
repasto sanguíneo, um carrapato infectado por Babesia introduz
esporozoítos no hospedeiro humano
.
Os esporozoítos entram nos eritrócitos
e
realizam replicação assexuada (brotamento)
. A
multiplicação dos parasitas no estágio sanguíneo é responsável pelas
manifestações clínicas da doença. Os seres humanos são para todos os efeitos
práticos, hospedeiros terminais e há pouca, senão nenhuma transmissão
subsequente ocorrendo a partir de carrapatos que realizam repasto em pessoas
infectadas. Entretanto, a transmissão de humanos para humanos é bem reconhecida
como ocorrendo através de transfusões de sangue
.
Nota: Veados são hospedeiros em que os carrapatos adultos realizam
repasto e são indiretamente parte do ciclo da Babesia, pois eles
influenciam na população de carrapatos. Quando a população de veados aumenta, a
população de carrapatos também aumenta, aumentando assim o potencial de
transmissão. CDC
DPDx Parasite Image Library
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Figura 30
Paciente feminino isolado diagnosticado com
febre hemorrágica do Congo e da Criméia.
CDC
Figura 31
Paciente masculino isolado diagnosticado com a
Febre hemorrática do Congo e da Criméia. A Febre Hemorrágica do Congo e
da Criméia é transmitida por um carrapato. CDC
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DOENÇAS VIRAIS
Febre Hemorágica do Congo e da Criméia
É causada
pelo Nairovírus, um membro dos buniavírus. É encontrado na parte oriental
da Europa e pelas áreas Mediterrâneas do Sul da Europa, no Oriente Médio,
África, noroeste da China e centro e sul da Ásia. Carrapatos ixorídeos (gênero
Hyalomma) espalham os vírus, que são também transmitidos por numerosas
espécies de animais domésticos e selvagens. A transmissão pessoa a pessoa
através do sangue infectado e outros fluidos corporais tem sido documentada.
Sintomas
Inicialmente, o paciente apresenta-se com cefaléia, febre alta, dor lombar,
dor articular, dor de estômago e vômitos. Pode ocorrer rubor, olhos e
garganta vermelhos e pequenos pontos vermelhos chamados
petequias
no palato. Segue-se hemorragia após poucos dias e dura por algumas semanas
(figura 30, 31). Isto é indicado por hematomas severos, sangramento do nariz
e deficiência em conter sangramentos após um corte ou injeção. A recuperação
lenta frequentemente se segue, mas a mortalidade pode ser de 50%.
Tratamento
Por ser uma doença viral, o tratamento é de grande suporte,
com especial atenção ao balanço eletrolítico. Ribavirina tem sido usada. Uma
vacina inativada tem sido usada no Leste Europeu.
Febre do
Carrapato do Colorado
Esta é
às vezes confundida com um caso ameno da Febre Maculosa da Montanha Rochosa, mas
a Febre do Carrapato do Colorado é causada por um coltivírus, um membro
dos reovírus. Eles são endêmicos do noroeste da América do Norte e são
encontrados em carrapatos Ixodídeos. A distribuição do vírus está
estreitamente relacionada com a do seu vetor, o Dermacentor andersoni.
Pode
ocorrer transmissão pessoa a pessoa pelo sangue. A
viremia
prolongada observada em humanos e roedores é devida à localização
intraeritrocítica de vírions, que os protege contra a eliminação imune.
Sintomas
A
infecção resulta em febre abrupta, calafrios, cefaléia, dor retro-orbital,
fotofobia, mialgia, dor abdominal e mal estar. Às vezes a febre pode ser
difásica ou trifásica, durando normalmente de 5 a 10 dias. Formas severas da
doença que envolve infecção do sistema nervoso central ou febre hemorrágica,
pericardite,
miocardite,
e
orquite
tem sido raramente observada, principalmente em crianças. A severidade é
suficiente para resultar em hospitalização de aproximadamente 20% dos
pacientes. Há evidências de transmissão de mãe para filho/a.
Encefalite do
Extremo Oriente Transmitida por Carrapatos
(Também conhecida como encefalite verno-estival da Rússia ou encefalite da
Taiga)
Esta é causada por um flavivírus, que se espalha pelos carrapatos
Ixodídeos (Ixodes persulcatus, I. ricinus e I. cookie).
Os reservatórios são pequenos animais e o vírus é endêmico da antiga União
Soviética e partes da Europa central e oriental.
Sintomas
Cerca de duas semanas após a infecção ocorre uma doença leve
como uma gripe, que normalmente se resolve em poucos dias, mas que pode ser
seguida de meningite e meningoencefalite em cerca de um terço dos casos. Em
alguns casos pode ocorrer paralisia parcial e a mortalidade pode chegar a
25%.
Tratamento
Cuidados
paliativos são normais. Há uma vacina feita de vírus mortos que está
disponível na Europa.
Encefalite de
Powassan
Esta é uma
doença rara causada por um flavivírus transmitido pelos carrapatos Ixodídeos.
Ocorre menos de um caso relatado por ano nos Estados Unidos, mas a mortalidade é
elevada. Está amplamente espalhada na América do Norte e é encontrada em
pequenas populações de animais incluindo marmotas.
Sintomas
Após um relativamente longo período de incubação de quase um
mês, o paciente pode apresentar-se com uma dor de garganta, tontura,
cefaléia e confusão. Isso pode evoluir para mal estar geral, vômitos,
estresse respiratório, febre e convulsões, que podem então levar a paralisia
e possível coma. Devido ao fato de o vírus atacar o tecido cerebral, os
sobreviventes podem apresentar problemas neurológicos severos.
Tratamento
É indicado o cuidado paliativo.
Encefalite
Transmitida Pelo Carrapato
(Também conhecida como meningoencefalite bifásica, encefalite transmitida pelo
carrapato da Europa Central, encefalite da Checoslováquia por picada do
carrapato, febre bifásica do leite ou meningoencefalite viral)
Esta doença resulta da
infecção pelo vírus da encefalite transmitido pelo carrapato, que é um membro
dos Flavivirideos.
Sintomas
A
encefalite transmitida pelo carrapato se inicia com sintomas de uma gripe
amena, com febre acompanhada de
leucocitopenia
e
trombocitopenia.
Isto se resolve dentro de alguns dias. Entretanto, cerca de um terço dos
pacientes desenvolvem meningite e meningoencefalite. Esta pode em poucos
casos ser seguida de paralisia. A forma Européia da doença tem uma
mortalidade menor que 5%. A maioria dos paciente recuperam, mas cerca de um
terço pode apresentar problemas neurológicos de longa duração.
Tratamento
Paliativo
é a indicação. Há uma vacina experimental com o germe morto na Europa. Na
Suécia a vacinação contra TBE é recomendada para residentes e visitantes
regulares a áreas endêmicas de TBE.
Doença da
Floresta de Kyasanur
Esta
doença é semelhante à encefalite
verno-estival da Rússia
e é também causada pelos flavirírus. É encontrado apenas na floresta de Kyasanur
do Norte da India. A doença ocorre durante a estação sêca, quando o vetor (Haemaphyalis
spinigera) começa a se alimentar em seres humanos. Os carreadores locais são
musaranhos e macacos.
Encefalite Ovina (vírus louping
ill)
Esta é
encontrada nas Ilhas Britânicas e é causada por um flavivírus, que é transmitido
por faisões e carneiros, entre outros animais. Ele pode infectar muitos
hospedeiros via vetor carrapatoIxodes ricinus. Ele causa uma encefalite
amena que faz com que o animal infectado tenha um galope incomum (que justifica
o nome do vírus em inglês). Entretanto, ele pode matar criações de animais e
humanos que não recebam os devidos cuidados.
DOENÇAS CAUSADAS
DIRETAMENTE PELOS CARRAPATOS DUROS
Paralisia Por
Picada do Carrapato
Além de
serem portadores de microrganismos que causam doença, alguns carrapatos (Amblyomma
americanum e as duas espécies de Dermacentor) podem causar a
paralisia por picada do carrapato. Esta é uma doença rara causada pela toxina da
saliva do carrapato, e resulta em uma paralisia aguda, ascendente, flácida
provocada pela redução dos níveis de acetilcolina e do potencial de ação de
neurônios motores. A paralisia, que não está associada a dor, se inicia poucos
dias após a picada, e progride gradualmente por um período de alguns dias. A
paralisia surpreendentemente se resolve rapidamente, normalmente no dia da
remoção do carrapato, mas se o carrapato não for removido a taxa de mortalidade
como resultado da paralisia respiratória pode chegar a 10%. A paralisia por
picada do carrapato pode ser confundida com outras condições e doenças
neurológicas (ex., síndrome de Guillain-Barré ou botulismo).
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RECURSOS DA WEB
NOVAS DOENÇAS INFECCIOSAS
Coltivírus e Seadornavírus na América do
Norte, Europa e Asia|
CDC
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RELATO DE CASO
Grupo de Casos de Paralisia por Carrapatos --- Colorado, 2006
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DOENÇAS
TRANSMITIDAS PELOS CARRAPATOS MOLES
BACTÉRIA
Febre Relapsa
Por Picada do Carrapato
A
febre relapsa por picada do carrapato é uma doença rara (cerca de 25 casos por
ano nos Estados Unidos) e é causada por várias espécies de espiroquetas da
família Borelia. Os agentes de transmissão são carrapatos moles do gênero
Ornithodoros. Carrapatos moles (família Argasidae) diferem de
muitas maneiras dos chamados carrapatos duros (família Ixodidae), mas o
mais importante é que eles se alimentam rapidamente em seus hospedeiros e daí
caem. A picada é normalmente indolor. Assim eles são muito menos prováveis de
ser encontrados do que os carrapatos duros, que ficam ligados enquanto se
alimentam durante horas. No ambiente selvagem, esses carrapatos são encontrados
em materiais de nidificação, quando não estão se alimentando em seus hospedeiros
animais. Todos os estágios do ciclo de vida podem se alimentar de sangue.
As espécies de Borrelia que causam a febre relapsa por picada do carrapato estão
normalmente associadas com vetores específicos de carrapatos Ornithodoros. B.
hermsii é transmitido a humanos pelo Ornithodoros hermsi, B.
parkerii é transmitido pelo Ornithodoros parkeri e B. turicatae
é transmitido pelo Ornithodoros turicata. Cada carrapato está associado
a um ambiente e hospedeiro preferido. Ornithodoros hermsi é encontrado em
altitudes mais elevadas (457,2 – 2.438,4 metros), onde está associado com
esquilos do solo, de árvores e com um tipo de esquilo do dorso listrado.
Ornithodoros parkeri ocorrem em elevações menores e habitam cavernas e tocas
de esquilos do chão, cães-da-pradaria e corujas de buracos. Ornithodoros
turicata ocorrem em cavernas e esquilos do chão, cães-da-pradaria e corujas
de buracos nas regiões planas do Sudeste dos Estados Unidos.
Sintomas
Inicialmente, o paciente apresenta artralgia, mialgia,
cefaléia, calafrios e febre. Estes são seguidos por náusea, tosse, fotofobia
e tontura. O paciente pode se mostrar confuso. Frequentemente ocorre
eritema. O período de incubação antes do aparecimento dos primeiros sintomas
é de cerca de uma semana (embora possa ser menor ou maior). Após o
aparecimento da doença, os sintomas duram alguns dias e depois passam. Após
uma semana ou duas, os sintomas ocorrem novamente e na ausência de
tratamento a recaída continua acontecendo várias vezes. À medida que a febre
passa, o paciente pode entrar em uma crise em que primeiro ocorre uma febre
alta acompanhada de confusão e delírio. Esta "fase de calafrios" dura até
meia hora. Daí entra a "fase do rubor", na qual a temperatura cai
acompanhada de profusa sudorese, e às vezes, uma queda de pressão arterial.
Diagnóstico
Esfregaços sanguíneos, de medula óssea ou fluido cérebro-espinhal corados
com Giemsa ou acridina laranja. Testes sorológicos também estão
disponíveis.
Tratamento
Antibióticos são usados e os sintomas resolvem em poucos dias. Pode,
entretanto, ocorrer sequelas de longa duração, incluindo problemas cardíacos
e renais, envolvimento de nervos periféricos,
oftalmia
e abortamento. Na ausência de tratamento a mortalidade pode
chegar a 10% dos pacientes.
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